Pr. Rivail Sousa
www.abtac.com.br
O Cristianismo no Novo Testamento não é uma religião ritualista; a essência do Cristianismo é o contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à igreja, em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas, a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor. Em razão de seu caráter sagrado, elas, às vezes, são descritas como sacramentos, literalmente, "coisas sagradas", ou "juramentos consagrados por um rito sagrado". Também são elas mencionadas como ordenanças porque são "ordenadas" pelo próprio Senhor.
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O Cristianismo no Novo Testamento não é uma religião ritualista; a essência do Cristianismo é o contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à igreja, em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas, a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor. Em razão de seu caráter sagrado, elas, às vezes, são descritas como sacramentos, literalmente, "coisas sagradas", ou "juramentos consagrados por um rito sagrado". Também são elas mencionadas como ordenanças porque são "ordenadas" pelo próprio Senhor.
O batismo nas águas é o rito do
ingresso na igreja cristã, e simboliza o começo da vida espiritual. A Ceia
do Senhor é o rito de comunhão e significa a continuação da vida
espiritual. O primeiro sugere a fé em Cristo; o segundo sugere a comunhão
com Cristo. O primeiro é administrado somente uma vez, porque
pode haver apenas um começo da vida espiritual; o segundo
é administrado frequentemente, ensinando que a vida espiritual deve
ser alimentada.
1. O batismo
(a)
O modo
A palavra "batizar", usada na fórmula
de Mateus 28:19.20, significa literalmente mergulhar ou imergir. Essa
interpretação é confirmada por eruditos da língua grega e pelos historiadores
da igreja. Mesmo eruditos pertencentes a igrejas que batizam por aspersão
admitem que a imersão era o modo primitivo de batizar. Além disso, há
razões para crer que para os judeus dos tempos apostólicos, o mandamento
de ser "batizado" sugeriria "batismo de prosélito", que
significava a conversão dum pagão ao Judaísmo. O convertido estava de pé
na água, até ao pescoço, enquanto era lida a lei, depois do que ele mesmo
se submergia na água, como sinal de que fora purificado
das contaminações do paganismo e que começara uma nova vida
como membro do povo da aliança. De onde veio, então, a prática da aspersão
e de derramar a água? Quando a igreja abandonou a simplicidade do Novo
Testamento, e foi influenciada pelas idéias pagãs, atribuiu importância
antibiblica ao batismo nas águas, o qual veio a ser
considerado inteiramente essencial para se alcançar a regeneração.
Era, portanto, administrado aos enfermos e moribundos. Posto que
a imersão não era possível em tais casos, o batismo era
administrado por aspersão. Mais tarde, por causa da conveniência do
método, este generalizou-se. Também, por causa da importância da
ordenança, era permitido derramar a água quando não havia suficiente
para praticar a imersão.
Notem a seguinte citação dum antigo escritor
do segundo século, agora concernente ao batismo, batiza assim: havendo
ensinado todas essas coisas, batiza em nome do Pai, do Filho, e do
Espírito Santo, em água viva (corrente). E se não tiveres água viva,
batiza em outra água; e se não podes em água fria, então em água morna.
Mas se não tiveres nem uma nem outra, derrama água três vezes sobre a
cabeça, em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Não obstante, o
modo bíblico e original é imersão, o qual corresponde ao significado
simbólico do batismo, a saber, morte, sepultura e ressurreição (Rom.
6:1-4.).
(b)
A fórmula
"Batizando-os em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19). Como vamos reconciliar isso
com o mandamento de Pedro: "...cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo"? (Atos 2:38). Estas últimas palavras
não representam uma fórmula batismal, porém uma simples
declaração afirmando que recebiam batismo as pessoas que reconheciam
Jesus como Senhor e Cristo. Por exemplo, o "Didaquê", um
documento cristão escrito cerca do ano 100 a.D., fala do batismo
cristão celebrado em nome do Senhor Jesus, mas o mesmo documento,
quando descreve o rito detalhadamente, usa a fórmula trinitária.
Quando Paulo fala que Israel foi
batizado no Mar Vermelho "em Moisés", ele não se refere a uma fórmula
que se pronunciasse na ocasião; ele simplesmente quer dizer que, por causa
da passagem milagrosa através do Mar Vermelho, os israelitas aceitaram Moisés
como seu guia e mestre como enviado do céu. Da mesma maneira, ser batizado
em nome de Jesus significa encomendar-se inteira e eternamente a ele como
Salvador enviado do céu, e a aceitação de sua direção impõe a aceitação da
fórmula dada por Jesus no capítulo 28 de Mateus. A tradução literal de
Atos 2:38 é: "seja batizado sobre o nome de Jesus Cristo". Isso
significa, segundo o dicionário de Thayer, que os judeus haviam de
"repousar sua esperança e confiança em sua autoridade
messiânica". Note-se que fórmula trinitária é descrita duma experiência.
Aqueles que são batizados em nome do triúno Deus, por esse meio
estão testificando que foram submergidos em comunhão espiritual com a
Trindade. Desse modo pode-se dizer acerca deles: "A graça do Senhor Jesus
Cristo e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós
todos" (2 Cor. 13:13).
(c)
O recipiente
Todos os que sinceramente se arrependem de
seu pecado, professam a fé no Senhor Jesus, são elegíveis para o
batismo. Na igreja apostólica o rito era acompanhado das seguintes expressões
exteriores:
1)
Profissão de fé. (Atos 8:37.)
2)
Oração. (Atos 22:16.)
3)
Voto de consagração. (1 Ped. 3:21.)
Visto que os infantes não têm pecados
de que se arrepender e não podem exercer a fé, logicamente são excluídos
do batismo nas águas. Com isso não os estamos impedindo que venham a
Cristo (Mat. 19:13,14), pois eles podem ser consagrados a Jesus em
culto publico.
(d)
A eficácia
O batismo nas águas, em si não tem
poder para salvar; as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas
porque já são salvas. Portanto, não podemos dizer que o rito
seja absolutamente essencial para a salvação. Mas podemos insistir
em que seja essencial para a integral obediência a Cristo. Como
a eleição do presidente da nação se completa pela sua posse
do governo, assim a eleição do convertido pela graça e pela glória
de Deus se completa por sua pública admissão como membro da igreja de
Cristo.
(e)
O significado
O
batismo sugere as seguintes ideias:
1)
Salvação
O batismo nas águas é um drama sacro
(se nos permitem falar assim), representando os fundamentos do Evangelho.
A descida do convertido às águas retrata a morte de Cristo efetuada;
a submersão do convertido fala da morte ratificada, ou seja, o
seu sepultamento; o levantamento do converso significa a
conquista sobre a morte, isto é a ressurreição de Cristo.
2)
Experiência
O fato de que esses atos são efetuados com o próprio
convertido demonstra que ele se identificou espiritualmente com Cristo.
A imersão proclama a seguinte mensagem: "Cristo morreu pelo
pecado para que este homem morresse para o pecado." O levantamento
do convertido expressa a seguinte mensagem: "Cristo ressuscitou
dentre os mortos a fim de que este homem pudesse viver uma nova
vida de justiça."
3)
Regeneração
A experiência do novo
nascimento tem sido descrita como uma, "lavagem" (literalmente
"banho", Tito 3:5), porque por meio dela, os pecados e as
contaminações da vida de outrora foram lavados. Assim como o lavar com
água limpa o corpo, assim também Deus, em união com a morte de Cristo e
pelo Espírito Santo, purifica a alma. O batismo nas águas simboliza
essa purificação. "Levanta-te, e lava os teus pecados (isto é,
como sinal do que já se efetuou)" (Atos 22:16).
4)
Testemunho
"Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo" (Gál. 3:27). O
batismo nas águas significa que o convertido, pela fé,
"vestiu-se" do caráter de Cristo de modo que os homens podem ver a
Cristo nele, como se vê o uniforme no soldado. Pelo rito de batismo, o
convertido, figurativamente falando, publicamente veste o uniforme do
reino de Cristo.
2. A ceia do Senhor
Pontos principais
Define-se a Ceia do Senhor ou Comunhão
como o rito distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na
véspera de sua morte expiatória. Consiste na participação solene do pão
e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício inexaurível
de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma
fé mais viva e fidelidade maior a ele. Os seguintes são os pontos-chave dessa
ordenança:
(a)
Comemoração
"Fazei isto em memória de mim." Cada
vez que um grupo de cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor,
estão comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que
os libertou dos pecados. Por que recordar a sua morte mais do que qualquer
outro evento de sua vida? Porque a sua morte foi o evento culminante de
seu ministério e porque somos salvos, não meramente por sua vida e
seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório.
(b)
Instrução
A Ceia do Senhor é uma lição objetiva
que expõe os dois fundamentos do Evangelho:
1)
A encarnação
Ao participar do pão, ouvimos o
apóstolo João dizer: "E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós" (João 1:14); ouvimos o próprio Senhor declarar: "Porque o pão de
Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33).
2)
A expiação
Mas as bênçãos incluídas na encarnação
nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O pão e o vinho
simbolizam dois resultados da morte: a separação do corpo e da vida, e a
separação da carne e do sangue. O simbolismo do pão partido é que o Pão
deve ser quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os
espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o
qual é sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder purificador
e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas.
(c)
Inspiração
Os elementos, especialmente o vinho, nos
lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de
Cristo, isto é, ter "comunhão com ele". Ao participar do pão e
do vinho da Ceia, o ato nos recorda e nos assegura que, pela fé,
podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo
do seu caráter.
(d)
Segurança
“Este cálice é o Novo Testamento no meu
sangue"! (1 Cor. 11:25). Nos tempos antigos a forma mais solene de
aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com
sangue sacrificial. A aliança feita com Israel no Monto Sinai foi um
pacto de sangue. Depois que Deus expôs as suas condições e o povo
as aceitou, Moisés tomou uma bacia cheia de sangue sacrificial e aspergiu
a metade sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se
havia comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu
o resto do sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a
sua parte do contrato (Êxo. 24:3-8). A nova aliança firmada por Jesus é um
pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de Cristo. Portanto, comprometeu-se, por
causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a ele. O sangue
de Cristo é a divina garantia de que ele é benévolo e misericordioso para
aquele que se arrepende. A nossa parte nesse contrato é crer na morte
expiatória de Cristo. (Rom. 3:25,26.) Depois, então poderemos testificar que fomos
aspergidos com o sangue da nova aliança. (1Ped. 1:2.)
(e)
Responsabilidade
Quem deve ser admitido ou excluído
da Mesa do Senhor? Paulo trata da questão dos que são dignos
do sacramento em 1Cor. 11:20-34. "Portanto, qualquer que comer este
pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou
pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor." Quer isso dizer que
somente aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos
nós estamos excluídos! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima
das misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está falando acerca
da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações.
Sendo assim, por estranho que pareça, é possível a uma pessoa
indigna participar dignamente. E em certo sentido, somente aqueles
que sinceramente sentem a sua indignidade estão aptos para
se aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos nunca
serão dignos. Outro sim, nota-se que as pessoas mais profundamente
espirituais são as que mais sentem a sua indignidade. Paulo descreve-se a si
mesmo como o "principal dos pecadores" (1Tim. 1:15). O apóstolo nos
avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar desse
sacramento. Como pode alguém participar indignamente? Praticando alguma coisa
que nos impeça de claramente apreciar o significado dos elementos, e de
nos aproximarmos em atitude solene, meditativa e reverente. No caso dos
coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez.
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Obs:... As sugestões bibliográficas para este texto, constam no módulo IV de nosso curso teológico www.abtac.com.br