quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Pr. Rivail Sousa
www.abtac.com.br

As Escrituras deixa claro que existe uma hierarquia entre os anjos; uma subordinação entre as várias categorias. O texto de Colossenses 1.16 lista a seguinte ordem decrescente: Tronos, Dominações, Principados e Potestades.

Tronos

         “Conforme está no original grego, thronoi tem um sentido especial porque se refere a uma classe de anjos que está diretamente ligada á majestade e soberania de Deus. É possível que os “querubins” estejam ligados a esse tipo de atividade real, pois alguns textos identificam os querubins como os seres sobre os quais Deus está assentado e reinando (1 Sm 4.4; 2 Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1)”.

Domínios

         O termo grego utilizado em algumas versões é kuriothes ou kuriotethoi e traz o sentido de soberania ou dominação (Ef 1.21). Trata-se de uma classe de anjos dominadores, uma espécie de executores das ordens divinas sobre as coisas criadas.

Principados

         Principados referem-se a uma classe de anjos que tem poderes de príncipes. Assim como nos reinos terrestres os principados agem em territórios pertencentes ao reino. Isto também acontece no mundo espiritual. Este fato pode ser percebido na atuação de Lúcifer, quando este foi constituído um “querubim ungido para proteger”. E antes de sua queda estava no monte santo do Senhor.

Potestades

         Esta é uma classe de anjos investidos de uma autoridade especial. Na Bíblia encontramos exemplos da poderosa ação destes anjos quando o Senhor envia um destes a destruir Jerusalém e este só pára quando o Senhor manda que ele guarde sua espada (1 Cr 21.15-27). Esta poderosa ação é também vista em 2 Reis 19.35 quando o anjo destrói um exercito de cento e oitenta e cinco mil soldados assírios. Vale ressaltar que toda força desta classe de anjos não os torna onipotente, pois este atributo é exclusivo do Deus Triuno. 

Arcanjo

         “A palavra “arcanjo” representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo arc, do grego arch, sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, na mesma estirpe da qual se enquadraria um primeiro-ministro”.

         A Bíblia faz apenas duas citações a esta elevada posição angelical, e ambas citadas no Novo Testamento e proveniente do apostolo Paulo (1 Ts 4.16; Jd 9), deve se notar que a palavra “arcanjo” está no singular, atribuindo esta elevada posição a um único anjo, e apenas uma das citadas referencias menciona categoricamente o nome do arcanjo que é Miguel. A Bíblia faz o total de cinco citações a Miguel.

         Posto isto, o arcanjo Miguel é um anjo superior a todos os demais anjos, um dos primeiros príncipes do exército do Senhor (Dn 10.13). Miguel terá papel fundamental na ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16). Este arcanjo busca a incontestável vitória para o povo de Deus (Ap 7-11), ele foi investido da função principal de protegerIsrael no tempo do fim (Dn 12.1).

Gabriel

         A Bíblia faz quatro citações a Gabriel, e todas as vezes que ele aparece é para trazer boas novas. Primeiramente ele aparece a Daniel em duas ocasiões anunciando a visão de Deus quanto aos eventos escatológicos (Dn 8.15,16; 9.21,22). Depois aparece ao sacerdote Zacarias para anunciar o nascimento de João Batista. Na ocasião encontramos uma postura de Gabriel que reclama maior autoridade, em consequência de ter sido desacreditado por Zacarias, (Lc 1.19). Finalmente seis meses depois ele aparece anunciando a Maria o milagroso nascimento virginal de Jesus, o que traria salvação a toda a humanidade (Lc 1.26-38).

Querubins

         A Bíblia faz varias menções aos querubins, a primeira vez que eles são mencionados é em Gn 3.24 quando são postos para guardar o caminho da árvore da vida. Deus instrui a Moisés que incorpore a figura de dois querubins a arca da aliança, pois o Senhor, do meio deles falaria com Moisés (Êx 25. 17-22). A figura de dois querubins é utilizada também na decoração do templo de Salomão em Jerusalém (1 Rs 6.23-28).
        
         Ezequiel contempla os querubins como uma espécie de trono de Deus, e dentre todas as características descrita por ele, percebe-se nestes seres a aparência de rostos de leão, de homem, de boi de águia, (Ez. Cap 1 e 10). “Isto sugere que representa uma perfeição de criaturas – força de leão, inteligência de homem, rapidez de águia, e serviço semelhante ao que o boi presta. Essa composição de formas e sua aproximação de Deus asseguram que “a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção (Rm 8.21..)”. Os querubins, portanto, são anjos de alta graduação, em todo o Antigo Testamento são citados 90 vezes, só no livro de Ezequiel 30 vezes. Em Hb. 9.5 são chamados de “querubins da glória”. Deus está entronizado acima dos querubins (Sl 80.1; 99.1).

Serafins

         A única referencia bíblica aos serafins está em Isaias capitulo 6, e deste texto depreende-se a compreensão de que estes anjos constituem uma alta graduação angelical, pois, servem acima do trono de Deus, enquanto que os querubins estão por baixo do trono da majestade, de acordo com a visão de Isaias existem vários serafins.

         Sugere-se que a palavra “serafim” deve vir da raiz hebraica (seraphim) aquilo que queima, que purifica com fogo. No texto de Isaias percebe-se seu intenso zelo em promover a santidade de Deus na vida daqueles que são chamados para o seu serviço. 

Os vinte quatro anciãos

         Em Apocalipse 4.4 João vê ao redor do trono de Deus vinte e quatro tronos, ocupados por vinte e quatro anciãos que se prostram e adoram a Majestade. Há uma corrente de interpretação que acredita que estes anciãos representam a totalidade da igreja no Céu. Outros, no entanto, acreditam representar Israel e a Igreja, associando aos 12 patriarcas da antiga dispensação e aos 12 apóstolos. Há ainda uma terceira corrente de interpretação que considera literalmente, vinte e quatro anjos com elevadas funções no âmbito espiritual, e esta última corrente nos parece mais correta.

O Anjo do Senhor

         Eis que eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho e te leve ao lugar que tenho aparelhado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques  á ira; porque não perdoará vossa rebelião; porque o meu nome está nele. Mas, se diligentemente ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, então, serei inimigo dos teus inimigos e adversário de teus adversários. Porque o meu Anjo irá diante de ti e levará aos amorreus, e aos heteus, e aos ferezeus, e aos cananeus, e aos heveus, e aos jebuseus; e os destruirei (Êx. 23.20-23).

         Este Anjo aparece por diversas vezes no Antigo Testamento, e o modo de suas aparições tem sido tema de muitas discussões teológicas. No entanto, a compreensão mais plausível é a que entende tratar-se de uma teofania.

         Os principais aspectos pelos quais se depreende esta compreensão são os citados no texto acima; “ouve a sua voz...”, “... não o provoques á ira...”, “...não perdoará vossa rebelião...” e “...porque o meu nome está nele”.

         “A primeira sentença encerra uma determinação divina (1ª primeira pessoa na declaração do profeta no v 20) de obediência e, como tal, atribui autoridade incomum e desconhecidas nestas criaturas celestes, mormente por serem reconhecidos como “espíritos ministradores enviados a serviço dos que herdarão a salvação”” (Hb 1.14).

         A segunda frase associada a terceira nos remete ao fato de que perdoar pecado é um atributo incomunicável da divina trindade, não sendo conferido a nenhum outro ser.

         Quanto a quarta expressão “porque o meu nome está nele”, reforça ainda mais a teoria da teofania quando comparamos os textos de João 8.24,28 e 58 com Êxodo 3.14 evidenciando a tese de que o “nome” em questão, existente em cada uma das três pessoas da trindade é, EU SOU. Portanto, o “Anjo do Senhor” é uma teofania de Cristo.

Os anjos comuns – Exércitos de Deus

         Os anjos que possuem graduação estão em número bem limitado como já vimos, no entanto, há aqueles que além de sua submissão a Deus se submetem também a liderança do arcanjo Miguel. Em referencia a esta classe, a Bíblia fala de miríades – multidão incalculável de anjos que servem a Deus. São chamados exércitos de Deus (2 Cr 18.18).

         Em 2 Reis 6.17 Eliseu pede ao Senhor que abra os olhos de seu moço e ele vê um exército de anjos do Senhor.

         Jesus assegura a Pedro que ele poderia ser atendido por 72 mil anjos (12 legiões de 6 mil anjos cada) para que impedisse sua prisão, embora não o tenha feito, pois, convinha que ele padecesse (Mt 26.53,54).

         Dentre tais referencias que atestam uma quantidade incontável de anjos a serviço do Senhor, destacamos ainda estas:

“Acaso tem número os seus exércitos?” (Jó 25.3)
“E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares” (Ap 5.11).

         Somente o Senhor dos exércitos sabe qual é a exata quantidade de seus anjos.

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Obs:... As sugestões bibliográficas para este texto, constam nos módulos  de nosso curso teológico www.abtac.com.br  
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